Postado por: Mundo Raimundo domingo, 13 de outubro de 2013



Olá, prezadx leitorx

Mudando de saco pra mala: esta é minha introdução no mundo da literatura, cuja obra é assinada pelo pseudônimo de Valentina Guadalajara. Muito obrigada pela leitura deste conto que se chama Dona.



Dona
“toc toc”, escutou.
Ao fundo ouvia alguém chamar, bem longe. Depois vinham essas batidas, toc toc, toc toc toc, parecia que batiam na madeira.
Sentiu-se úmida, pegajosa, quente, protegida. Tentou espreguiçar-se, sentiu-se impedida de esticar completamente os braços pelas paredes do casco de caracol.
Sempre se soubera uma pessoa introspectiva. Sempre previra que este dia chegaria. Abriu os olhos lentamente, tentando enxergar a luz pelo material espesso. Olhou pra cima,


pra baixo. Estava na direção de sua cabeça. Foi-se resvalando, girando lentamente acariciada pela substância viscosa.
Fora fazia frio. Mal a cabeça apontou, sentiu o vento nas antenas: desconforto.
Pediu para que lhe trouxessem a comida e meteu-se na casca. Quando colocaram o pão com manteiga e o café com leite na entrada, devorou-os. Engordou. Não sentiu mais fome. Ficou ali, nadando, dentro de si mesma. Mergulhou, achou brinquedos, bolinhas de natal quebradas, batons, sutiãs. Vestiu-se, se


despiu, preferia assim.
Depois deixou de escutar os barulhos de fora. Quando gritavam, eram sons alheios, desconexos, estranhos.
Será esse meu velho nome? – pensou. O mundo já não mais existia. Em casa, era onde ela queria estar. A casa, agora, era dela. Era ela.

Valentina Guadalajara



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