Archive for julho 2013
Sem música eu nada seria (ou os álbuns que fizeram minha história)
Helena escreve para a coluna From Hell
“We don't see things as they are, we
see them as we are.” (Anais Nin)
Ser humano é ser movido a
paixões. Pelo menos no meu próprio dicionário egocêntrico pessoal, tal
definição é a que consta e é a que melhor se aplica à vida real. Minha maior
paixão é o ser humano por si só. Depois dele, vem a música produzida por ele.
Sem música eu nada seria – o título deste post já é um spoiler after all, I’m
afraid. Sem mais delongas, dentro desse infinitamente belo coletivo que engloba
o substantivo “música”, não escondo minha predileção pelo que alguém algum dia
colocou num grande saco denominado “rock ‘n roll”.
Nesses tempos (curtos) de
ócio que são chamadas “férias”, redescobri muitas bandas que há muito tempo não
ouvia. E, naqueles bons e velhos momentos em que o brilhante site do “iutubiu”
te redireciona pra outras dimensões, me perdi numa Twilight Zone sem volta.
Tentei então, a título de utilidade pública e inspirada pelo post da minha
estimada Samy, elencar alguns álbuns que fizeram parte da minha vida e
abrilhantaram meus dias. Foi uma difícil escolha e muita coisa ficará de fora.
Tentei sair do meu óbvio, ainda que seja uma tarefa pra lá de difícil. Aí vai
uma lista à la Helena, dos 20 álbuns que marcaram minha vida. E a perguntinha
fica pra vocês, BLOG espectadores: que álbuns figuram na tua vitrola, faça
chuva, faça sol?
PS: comecei a listar os álbuns
sob o critério de “história pessoal”. No fim, resolvi nem rever, muito menos
repensar a lista. Porque MUITAS injustiças foram cometidas: AINDA BEM!
PS do PS: Tirem os puristas
e os preconceituosos da sala!!!!
1. Cyndi Lauper – True Colors
Sou
mais Cyndi Lauper do que Madonna. Ponto. True
Colors foi o primeiro vinil que adquiri na minha vida. Lembro como se fosse
ontem: estávamos eu e a família Pinto em algum desses hipermercados Vale dos
Sinos afora e meu pai parou pra olhar os Lps. Ele me olhou e perguntou qual que
eu queria. A primeira escolha foi “John Lennon – The Collection”. Peguei,
olhei, devolvi. Papai Pinto já tinha ele, porque eu iria querer um igual? De
relance, vi aquela capa laranja com aquela moçoila pra lá de exótica seminua,
deitada numa praia. Meus olhinhos de noite serena brilharam. Sim, meu primeiro
álbum EVER foi comprado porque eu gostei das possibilidades de cores e pela excentricidade
que aquela capa me passava. Eu conhecia um pouco de Cyndi Lauper, talvez pelo
tema dos saudosos “Goonies”. Num desses fortuitos casos em que a capa é tão boa
quanto o conteúdo, sou apaixonada por True
Colors até hoje. “Change of Heart”, a faixa que abre o álbum figura dentre
as minhas favoritas. Ainda há o belíssimo cover de Marvin Gaye, “What’s going
on” e a belíssima “Calm inside the storm”
À Cyndi
Lauper, todo meu amor e respeito. Por ter me mostrado, desde muito nova, minhas
“true colors”
2. Madonna – Like a prayer
Bem
antes de ser estigmatizada como a “moça dos Beatles” – é assim que meu vizinho
de 15 anos me chama quando me cumprimenta – eu era conhecida nos arredores como
a “menina da Madonna”. Ainda que a Cyndi tenha me tocado na infância, ela abriu
portas pra minha maior paixão de infância: a eterna diva do Pop Madonna. Não
nego a importância da diva na minha trajetória, porém reconheço que ela é um
daqueles tristes casos que envelhecer não é sinônimo de melhorar. O show dela
em Porto Alegre ano passado me fez confirmar isso.
Like a prayer é
definitivamente meu álbum favorito, Madonna na sua melhor fase pós-Sean Penn,
destilando veneno e tentando se reconstruir. Quem não dançar loucamente ao som
de “Like a Prayer”, não se identificar com “Express Yourself” e não chorar com “Love
Song”, não sabe o que está perdendo. Essa última canção aí conta com a
participação de Prince e, ainda que pouco conhecida e divulgada, é a minha
favorita aqui.
Uma
mulher que disse a todas nós, meninas-mulheres, “second best is never enough,
you do much better baby on your own” merece meu respeito. Mesmo que tenha,
infelizmente, ao meu ver, se perdido no tempo.
PS:
“Till death do us part” é uma belíssima homenagem ao ex Sean Penn e aos
términos que assolam nossas vidas. Preste atenção na letra com muito carinho.
;)
3. Rolling Stones – Some Girls
Now
we’re talking, baby. Rolling Stones é sinônimo de ROQUENROU pra mim: puro,
simples, papo reto. Em 50 anos de carreira, com tanta coisa belíssima
produzida, Some Girls é ainda o meu
all-time favorite. Não teria como ser diferente. Aqui temos a trupe no final
dos anos 70 produzindo rock de qualidade com hits que até hoje aquecem os
corações. “Miss you”, “Some Girls” e “Respectable” são alguns exemplos. A minha
favorita fica com “Beast of burden”, afinal ninguém quer ser um fardo na vida
de ninguém ;)
4. The Strokes – Is this it?
Aos
chatos de plantão, reitero: eu AMO Strokes. E repito mais três vezes: AMO, AMO,
AMO. A melhor forma de explicar a minha afinidade com o primeiro álbum dos
Strokes é bem simples: é um dos únicos que eu posso simplesmente dar “play” e
depois “repeat”, de frente pra trás, de trás pra frente, sem enjoar por um
segundo. Os Strokes vieram como uma salvação para os meus ouvidos no início dos
anos 2000. Foi um cd que eu comprei “no escuro”: pouco conhecia e sabia deles,
porém, comprei e viciei. É rock sujo, como eu gosto de chamar. E infinitamente
belo. A voz de Julian adicionadas às letras ácidas e nada doces tornam meus
dias mais coloridos. E não, se tu só conhece “Last Night”, não te perdoo! Vai
ouvir o álbum AGORA!
5. Faith no More – Angel Dust
Ah,
o Faith no More <3 Ah, o Mike Patton. Mike é um dos caras mais geniais que
figuram por aí nesse mundo musical. Com inúmeros projetos e bandas, ele é capaz
de fazer todo e qualquer tipo de som e NUNCA perder o bom gosto. Palmas!
Voltando
ao Faith em sim, essa é uma banda que eu sempre gostei. Angel Dust é muito mais do que “incluindo o sucesso I’m easy, tema
da novela Mulheres de Areia”, como diz na capa do meu. É o álbum glorioso que
traz “Midlife Crisis”, “Be aggressive”, “Small Victory” e “Rv”, a minha
favorita. Ainda, conta com os belíssimos covers de “Easy” – sim, essa mesmo, a da
novela da Rutinha – e de “Midnight Cowboy”, música com a qual eles abriram o
espetacular show aqui em Porto Alegre em 2009.
6. The Beatles – Abbey Road
Agora
chegou o momento mais complicado. Os Beatles obviamente teriam que aparecer
nessa listinha, porque, enfim, quem me conhece, sabe. Eu amo todos os álbuns
dos Beatles, logo, escolher o (meu) melhor é tarefa dificílima. Porém, ao longo
dos últimos anos, Abbey Road tem
figurado como o favorito mesmo.
Pra
você que foi pra Londres e tirou fotinho atravessando a faixa sem saber o que
este álbum representa tanto em termos de Beatles como de música, meus pêsames. A
parte boa é que nunca é tarde para se redimir e se perder ao som dessa
obra-prima.
Abbey Road é
o último álbum gravado pelos Beatles, talvez por isso seja tão especial e
carregado de significação para mim. “You never give me your Money”, “Golden Slumbers”,
a imbatível “Something” e a trilogia final composta por “Carry that Weight”, “The
end” e “Her majesty” é de fazer o olhinho brilhar e chorar de cantinho... E a
oportunidade de ouvir/ver uma banda majestosa saindo de campo com classe,
elegância e uma sutileza indescritível.
7. Queens of the Stone Age – Songs for the
deaf
Rock
pauleira! J
QOTSA figura no topo do topo da minha lista. Songs for the deaf, o terceiro álbum da banda, já ganhou meu
coração pelo título. Canções para os surdos... Gente, que coisa mais linda...
Sem contar que temos aqui a participação de Dave Grohl na bateria. “No one
knows” por si só já dá o tom do que a esse álbum se propõe. “You Think I Ain't Worth a Dollar, But I
Feel Like a Millionaire” é uma das minhas favoritas. Preste atenção nas belíssimas
“The sky is falling” e “Gonna leave you”. My advice: escute em alto e bom tom!
8. Nirvana – Nervermind
Falando
em Dave Grohl, aqui estamos nós com um dos álbuns que mudou minha vida, todo um
cenário musical e tornou-se ícone do meio grunge. O trio formado pelo saudoso
Cobain, Novoselic e Grohl, juntamente com todas aquelas bandas que fizeram
barulho no início dos anos 90 (Alice in Chains, Soundgarden, L7, Pearl Jam,
Stone Temple Pilots) reacenderam o interesse de muita gente pelo bom e velho (e
barulhento) rock and roll. Produzido por Butch Vig, Nevermind tem como carro-chefe a barulhenta e grudenta “Smells like
teen spirit”. Não esqueçamos das belíssimas “In bloom”, “Lithium” e “Drain you”.
Escute Nervermind e deixe se
contaminar por essa balhureira espetacular. E lembre-se, “with the lights out,
it’s less dangerous”. ;)
9. Rage Against the Machine - The battle
of Los Angeles
RATM
é protesto. É barulho, é indignação. Quem conhece o viés da banda, sabe bem do
que estou falando. The battle of Los
Angeles é anti-Bush. É ensurdecedor e é polêmico. E figura na lista dos 500
melhores álbuns de rock da revista Rolling Stones. Se ainda não te convenci a
escutar, ok. Então assista aos clips de “Sleep now in the fire” e “Testify”,
ambos dirigidos pelo documentarista Michael Moore. Talvez tu mude de ideia. Ah,
escute “Born of a broken man”, minha favorita desses reis do rap metal.
10.
Black
Crowes – The Southern harmony and musical companion
A
wikipedia os define como uma banda de “blues rock”. Eu os defino como
“sensacionais”. “Bad luck blue eyes goodbye”, juntamente com “My morning song”
e “Remedy” embalam essa festa conduzida pelos irmãos Robinson.
11.
Os Mutantes
– Mutantes
Minha
veia musical é muito mais internacional do que brasileira: culpe a vida, culpe
minha família, culpe meu gosto pessoal. Contudo, juntamente com Chico Buarque, Os
Mutantes representam minha maior afinidade com a música produzida na pátria
amada, Brasil.
O
álbum de nome homônimo me foi apresentado quando criança e foi paixão à
primeira ouvida. Uma escolha bem difícil também, visto que também amo
“Technicolor”. As faixas “2001”, fruto da parceria com o igualmente doido Tom
Zé e “Não vá se perder por aí” são as favoritas. “Fuga No 2” também merece seus
louros. Entre nessa viagem lisérgica sem medo. Só “não se iluda com um beijo,
com uma frase ou um olhar”. ;)
12.
Red
Hot Chili Peppers – Blood, Sugar, Sex, Magik
RHCP
é diversão. É funk rock. É barulho bom. É uma banda sensacional no ápice da sua
criação musical. A faixa-título é a minha favorita, seguidas de “Suck my kiss”,
“If you have to ask” e a lindinha “Could have lied”. O baixo de Flea e a voz de
Kiedis – uma das mais bonitas do rock – merecem atenção.
13.
The
Clash - London Calling
Mais
um da lista do “barulho bom”. Um salve ao punk rock e a tudo de bom que ele
representa: protesto, indignação e grito. “London Calling” é também muito
famoso pela capa icônica, inspirada na capa do álbum debut do rei do rock,
Elvis Presley. Musicalmente falando, temos aqui uma salada de fruta de sons e
estilos. As batidas divertidíssimas de “Spanish bombs” e de “Jimmy Jazz” não
perdem pra clássica “London calling” por um segundo. É uma celebração ao rock e
à rebeldia. Difícil passar despercebido.
14.
Traveling
Wilburys - Volume 1
O
que acontece quando cinco gênios da música se unem? A resposta é este álbum, fruto
da união de Bob Dylan, Jeff Lyne, Tom Petty, Roy Orbinson e George Harrison,
parceria que renderia ainda mais dois outros igualmente lindos álbuns – Vol 2 e
Vol 3, respectivamente. “Handle with care”, “Last night” e “End of the line”
são os grandes hits. “Congratulations”, liderada pela sutileza de Bob Dylan,
define bem ao que essa trupe se propôs.
15.
Lauryn
Hill- The miseducation of Lauryn Hill
Lauryn
Hill e sua antiga banda, Fugees, são as “excentricidades” da minha vida
musical. Com isso, quero apenas dizer que nunca fui muito fã de hip hop e
afins. Porém, para toda regra temos as exceções. Ainda bem. Classificar e
categorizar é próprio do ser humano, digamos assim. Mas não nos apeguemos a
isso, cada um com seu estilo e preferências. E, por favor, Lauryn é uma das
vozes femininas mais bonitas nesse cenário musical, independente do que eu
gosto e do que mais me toca. “The miseducation” é um dos álbuns mais cheio de
vida, de amor, de paixão e de vida que ouvi até então. Vamos das batidas
típicas de Lauryn, com “Lost Ones” e a clássica “Doo Woop” (o clip é
fantástico) às baladas carregadas de emoção “Ex-Factor” e “Nothing even
matters”. É a celebração de uma vida. Lauryn, eu te invejo.
16.
Cake
- Fashion Nugget
Ah,
a banda mais subestimada de todos os tempos. Cake é divino. Muito conhecida por
seus covers e novas roupagens de “I will survive”, “Perhaps”, ambas neste
álbum, e “Guitar Man”, esses caras também estão aí para mostrar que têm sua
própria voz. Fashion Nugget veio ao
mundo para provar isso. “Frank Sinatra” e “The distance” são bons exemplos da
musicalidade dos rapazes. Escute mais Cake e desfrute de uma simplicidade sem
igual. (Simplicidade é algo bom, tá?)
17.
Pink
Floyd – The Dark side of the moon
Agora
a porca torceu o rabo! Pink Floyd gravou obra-prima atrás de obra-prima, logo,
a dificuldade aqui também foi em grande escala. Porém, optei pelo meu óbvio,
mais uma vez. T.S Elliot em seu belo ensaio “What is a classic” reforçaria a
maior qualidade de um clássico: a atemporalidade. Ainda que ele se referisse
primordialmente às obras literárias, arte é arte e permita-me o sacrilégio de
colocar tudo no mesmo belíssimo saco. The
dark side of the moon é, possivelmente, um dos maiores clássicos do rock. E
não poderia ser diferente: escute “Time” – minha favorita, “The greatest gig in
the sky”, “Money” e “Brain Damage” e fique indiferente a tudo isso. Duvido. Sem
contar a capa, uma das mais lindas e significativas da minha vida e que carrego
“impressa” no braço até o fim dos dias.
18.
Pearl
Jam – Ten
Ainda
que Pearl Jam tenha se renovado e melhorado ao longo desses 20 anos de carreira,
optei pelo seu álbum de estreia. Isso se deve ao fato de ter sido o primeiro
que entrou na minha vida e pelo momento de transição que ele denota. O mesmo
vale para o Nevermind anteriormente
citado. Aprecio tudo o que foi produzido pela trupe do Eddie Vedder. Porém, Ten me remete aos tempos de infância, de
assistir ao saudoso Tele-Ritmo na Tv Guaíba e de andar com camisas de flanela
se achando rebelde. Sem contar que temos “Black”, “Jeremy” e “Oceans” na mesma
sequência. E “Alive”, batida mas imbatível.
19.
The
Who – Quadrophenia
Agora
estamos falando de uma das minhas maiores paixões. The Who é uma banda que
viveu e passou pelas diferentes fases do rock, sempre coerente e genial. Quadrophenia é tão bom que já me fez
chorar. E sem contar que temos aqui a minha música-tema “The real me” e ainda
fecha com chave de ouro com uma das músicas mais lindas de todos os tempos,
"Love, reign o’er me”. Sem mais, sem mais.
20.
Jamiroquai
– The return of the space cowboy
Um
passeio pela Via Láctea. Sei lá, Jamiroquai é isso pra mim. Uma viagem para
outros mundos. “Stillness in time” é um dos carros-chefes, mas perde para a insuperável
“Half the man”, my all-time favorite em se tratando deles.
É uma das melhores bandas de todos os tempos. Uma batida meio jazz, meio funk,
meio viagem: magistral!
10 filmes contemporâneos e simples, mas que valem a pena
Samy escreve para a coluna Sem Título
Os filmes que
pretendo indicar são simples, ou seja, neles não ocorrem explosões, tiroteios e
tampouco há sangue sendo jorrado para todos os lados (com exceção do primeiro
da lista, que veio para quebrar a regra). Não que eu desgoste dessas coisas,
pelo contrário, a meu ver não há nada melhor do que cinema western. No entanto,
prefiro quando a tais situações estão associados bons diálogos. Claro que não
estou aqui afirmando que vejo necessidade em colocar Juliette Binoche
conversando do começo ao fim do filme com um ator qualquer, como fez Abbas
Kiarostami em Cópia Fiel. Nem 08, nem 80. O que quero dizer é: paciência, nem
todos os diretores são como Sam
Peckinpah! Todavia, é possível se conformar rapidamente, pois muitos
contemporâneos estão trabalhando bem. Encontrei por acaso a maioria dos filmes
abaixo (apenas dois foram recomendados por amigos) e penso que eles têm uma
característica em comum: infelizmente, passariam despercebidos pela maioria se
não fossem indicados por alguém.
1.Dear Wendy
(2004), Thomas Vinterberg
“Querida Wendy” narra a história de um jovem que compra, por acaso, uma arma de fogo.
Assim que ele descobre que a pistola não é de brinquedo, convence outros
garotos (os quais também são vítimas de exclusão social) a fundar um clube
secreto baseado nos princípios do pacifismo e da posse de armas. Contudo, seus
membros se deparam com uma situação limite e acabam optando por quebrar as
regras do clube. O roteiro é de Lars von Trier. Thomas Vinterberg é, em minha
opinião, ao lado de Michael Haneke, um dos melhores diretores da
contemporaneidade. Além disso, o filme ainda conta com uma ótima trilha sonora
e tem como música tema “Time of the season”, do The Zombies.
Assistir online:
2. El Perro (2004), Carlos Sorin
“O Cachorro” é um filme
interpretado por não atores. Juan Villegas é um homem que trabalhou por 20 anos
em um posto de gasolina. Após sua demissão, tenta sobreviver confeccionando
facas com cabos artesanais, mas não obtém sucesso. Ele realiza um pequeno
trabalho para uma senhora de idade e ela o paga com um cachorro de raça. A
partir desse momento, a vida de Juan muda. Os filmes argentinos e uruguaios são,
na maioria das vezes, realmente bons. Esse é um deles. O ponto forte é o olhar
(literalmente) de Juan Villegas.
Assistir online:
3.Shortbus (2006),
John Cameron Mitchell
Nova York, pós 11 de setembro de 2001, esse é o panorama no qual se
desenvolve a narrativa fílmica de “Shortbus”. As personagens que povoam
o enredo, ainda traumatizadas pelo ataque terrorista que marcou a história
daquela cidade, encontram-se em uma espécie de clube underground onde podem
aliviar as suas neuroses conversando, ouvindo músicas, assistindo a filmes,
bebendo, realizando desejos sexuais, etc. O clube, o qual possui o nome
homônimo ao título do filme, é gerenciado pela Drag Queen Justin Bond (esta
personagem representa a si mesma). Ela diz que no local tudo é permitido, “It's
just like the 60's. Only with less hope!”. O ambiente funciona como um
subterfúgio do mundo real, onde não é necessário dissimular desejos.
Assistir online:
4.Transylvania
(2006), Tony Gatlif
Zingarina é uma italiana que se apaixona por um jovem músico de rua na
França. Ele a engravida e a abandona. Zingarina viaja com sua amiga até a
Transilvânia à procura do rapaz, que ao encontrá-la, termina o relacionamento.
Sem querer voltar para casa, a moça foge de sua amiga e esbarra em Tchangalo,
um mercador de ascendência turca, com quem começa a se relacionar. Esse é um
belo e exótico road-movie, que mostra um pouco da cultura cigana, das tradições
pagãs, etc.
Do mesmo diretor de Factotum (filme sobre o alter ego de Charles
Bukowski) “Caro Sr. Horten” narra a história de um metódico e tímido
maquinista que está prestes e a se aposentar. No seu último dia de trabalho,
Odd Horten acaba passando por uma situação inesperada, que o leva a repensar
sua vida. Focado em questões como a velhice e a solidão, esse é um dos poucos
filmes do diretor norueguês Bent Hamer disponíveis no Brasil. “Caro Sr.
Horten” e o filme logo abaixo são, em minha opinião, os melhores da lista.
6.Love Comes Lately (2007), Jan Schütte
O roteiro de “O Amor Chega Tarde” é baseado nos contos do escritor
polonês Isaac Bashevis Singer.
No filme, Max Kohn é
um escritor austríaco judeu de 80 anos de idade que vive em Nova York. Autor
bem sucedido, acredita que a forma certa de escrever seja, mesmo tendo acesso
às novas tecnologias, com sua antiga máquina de escrever. Convidado para dar
uma palestra nas proximidades de Hanover, Max começa a editar sua mais recente
história, perdendo-se entre realidade e ficção.
7.Patrick 1,5
(2008), Ella Lemhagen
“Patrick, Idade
1,5” é um filme sueco baseado em uma peça
teatral de Michael Druker. Goran e Sven são um casal gay que luta para
conseguir adotar uma criança. Quando eles finalmente conseguem a liberação,
assinam os papéis e ficam à espera da chegada de Patrick. Entretanto, houve um
erro de digitação na idade do menino e eles recebem em casa um adolescente
homofóbico e com antecedentes criminais. Em meio a diversos conflitos, eles são
obrigados a conviver na mesma casa.
Assistir online: http://www.youtube.com/watch?v=7dGPAcDojJo
“A canção dos pardais” trata da
história de Karim, um homem que trabalha em uma fazenda de avestruzes. Quando
um dos animais foge, Karim é demitido. Passando por dificuldades financeiras e
sem poder comprar um aparelho auditivo para a filha, ele começa a trabalhar
(por acaso) como motorista de mototaxi. “A canção dos pardais” desmonta
completamente a ideia de que filmes iranianos são cansativos e/ou entediantes.
“O Bom Coração” conta a história de Jacques e de Lucas, quando ambos se conhecem em um
quarto de hospital. O primeiro é dono de um bar e teve seu quinto ataque
cardíaco. O segundo, por sua vez, é um sem-teto que falhou ao tentar
suicídio. Visando manter seu legado vivo, Jacques faz de Lucas seu
herdeiro, que rapidamente aprende as regras do bar: sem novos clientes, sem
confraternizações e sem mulheres. Entretanto, as coisas mudam com a chegada da
jovem April. Esse filme é excelente (o final, sobretudo). Preciso acrescentar:
eu acho o trabalho de Paul Dano admirável!
10.Dreiviertelmond
(2011), Christian Zübert
“Three Quarter
Moon” (ainda sem título em português) é um filme que
fala sobre xenofobia. Hartmut Mackowiak é um senhor de idade teimoso e
mal-humorado que trabalha como taxista. Sua personalidade arruinou seu
casamento de 35 anos, além de prejudicar seu relacionamento com a filha adulta.
Certo dia, Hartmut pega no aeroporto duas passageiras turcas, mãe e filha. Elas
vão visitar a avó da menina, que ficará um tempo morando na casa dela enquanto
a mãe viaja. A avó, sozinha com a criança, acaba tendo um acidente vascular
cerebral e Hayat, sem falar uma palavra sequer em alemão, reencontra o taxista,
que passa a tomar conta dela, até conseguir entrar em contato com a mãe da
menina.